Jesus Entre os Doutores, Albrecht Dürer, 1506

Albrecht Dürer: o homem universal do Renascimento

Além de pintor e gravador, Albrecht Dürer foi matemático e teórico de arte. Sua obra, que une a tradição gótica com as inovações da perspectiva italiana, influenciou diversos artistas ao longo do século XVI.

Erudito e apaixonado pelo Renascimento, ele deixou uma expressiva contribuição para a História da Arte materializada em centenas de gravuras em metal e xilogravuras, milhares de desenhos e três livros impressos.

No campo das artes gráficas, Dürer foi um artista incansável na busca por inovações. Além disso, foi considerado um dos primeiros grandes mestres da técnica da aquarela, em especial na representação de paisagens.

O seu espírito humanista ainda alimentava seu interesse por outros campos do conhecimento, como a geografia, a arquitetura e a fortificação.

Um dos mais importantes artistas do Renascimento nórdico

Albrecht Dürer nasceu no dia 21 de maio de 1471, em Nuremberg, na Alemanha. Como era costume na época, depois de alguns anos de formação escolar, entrou para a oficina do seu pai como aprendiz na arte da ourivesaria.

Em 1486, aos 15 anos de idade, começou a trabalhar como aprendiz do pintor alemão Michael Wolgemut. Simultaneamente, buscava aprofundar seus conhecimentos sobre técnicas de gravura em metal e em madeira.

Essa fase inicial de sua formação durou três anos. Foi seguida por um período de viagens, nas quais o artista buscava ampliar seus conhecimentos, tendo contato com a obra de novos artistas e desenvolvendo diversos estudos.

Nas cidades de Florença, Bolonha e Veneza entrou em contato com a rica produção de gravuras italianas – inclusive, fazendo cópias de trabalhos (como exercício) de Andrea Mantegna e de outros gravadores.

Em Veneza, estudou a ciência da perspectiva e o retrato do modelo nu. Nesse período de viagens, um dos poucos registros de obras desenvolvidas por Dürer é a tela “Autorretrato com Flor de Rícino” (1493).

Autorretrato com Flor de Rícino, Albrecht Dürer, 1493
Autorretrato com Flor de Rícino, Albrecht Dürer, 1493

Nos Países Baixos, estudou teorias sobre proporção humana, a geometria e as fortificações. Ainda nessa época, escreveu poesia e textos sobre teoria da arte.

De 1512 a 1520, Dürer trabalhou quase que exclusivamente para o Imperador Romano-Germânico Maximiliano I, para o qual desenvolveu inúmeros projetos, tornando-se uma espécie de decorador oficial.

Dentre os trabalhos desenvolvidos para o Imperador, estão ilustrações para manuscritos e livros, brasões e estandartes, e projetos de cortejos. Também colaborou na criação do Arco do Triunfo, uma composição constituída por centenas de xilogravuras.

Em 1513, Dürer foi feito cidadão honorário do Grande Conselho de Nuremberg.

A arte da gravura

Como gravador, Dürer realizou trabalhos como “O Apocalipse”, série de 15 xilogravuras dramáticas que trouxe muito prestígio para o artista e é considerada uma das maiores criações da arte alemã.

O Apocalipse - Visão de Cristo e dos Sete Candeeiros, Albrecht Dürer, 1496-98
O Apocalipse – Visão de Cristo e dos Sete Candeeiros, Albrecht Dürer, 1496-98
O Apocalipse - Martírio de São João, Albrecht Dürer, 1496-98
O Apocalipse – Martírio de São João, Albrecht Dürer, 1496-98

Ao produzir uma publicação impressa sobre essa série, Dürer inovou ao conferir grande destaque às gravuras. Isso, em uma época em que se dava mais espaço para o texto que para as imagens (que geralmente apareciam em pequenos formatos).

Já na gravura “Adão e Eva” (1504), considerada uma das mais completas do artista, Dürer aplicou seus conhecimentos matemáticos ao utilizar régua e compasso para construir as figuras, realçando seu interesse pelo estudo das proporções humanas.

Inspirada nas esculturas de Apolo de Belvedere e Vênus, a gravura é composta por uma variedade de tons e texturas, além de sutis gradações de sombra e de luz.

Adão e Eva, Albrecht Dürer, 1504
Adão e Eva, Albrecht Dürer, 1504

Dentre suas telas mais famosas, estão “Adoração dos Magos” (1504) e “Jesus entre os Doutores” (1506), a qual narra a presença de Jesus Cristo (aos 12 anos) entre os sábios do templo de Jerusalém, após se perder dos pais.

Adoração dos Magos, Albrecht Dürer, 1504
Adoração dos Magos, Albrecht Dürer, 1504
Jesus Entre os Doutores, Albrecht Dürer, 1506
Jesus Entre os Doutores, Albrecht Dürer, 1506

Outra tela importante é “Quatro Apóstolos” ou “Quatro Temperamentos” (1526), cujo destaque principal é a riqueza psicológica da figura humana.

Quatro Apóstolos ou Quatro Temperamentos, Albrecht Dürer, 1526
Quatro Apóstolos ou Quatro Temperamentos, Albrecht Dürer, 1526

Seus desenhos, aquarelas e guaches incluem estudos de animais como a Lebre jovem (1502), a Pequena Coruja (1506), várias naturezas mortas, estudos de plantas e seções anatómicas.

Lebre Jovem, Albrecht Dürer, 1502
Lebre Jovem, Albrecht Dürer, 1502
Pequena Coruja, Albrecht Dürer, 1506
Pequena Coruja, Albrecht Dürer, 1506

Uma referência para a arte alemã

Nos últimos anos de vida, Dürer se dedicou mais à escrita. Publicou trabalhos sobre proporção e perspectiva e uma crônica de sua família, além de registrar suas próprias memórias.

Dois de seus livros foram publicados em vida: “Instrução para medições à régua e ao compasso” (1525) e “Tratado sobre fortificações” (1527). Um terceiro livro, “Sobre a proporção do corpo humano”, saiu logo após sua morte, ocorrida em 1528, em Nuremberg.

Apesar de não ter deixado discípulos, o legado de sua obra foi de grande importância para a arte alemã. Merecidamente, Dürer é considerado o mais universal entre os artistas de seu tempo.

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André Dorigo

Doutor em História da Arte pela UFRJ. Desde 2017 tem cursos on-line sobre o tema e produz conteúdo para a internet, tendo milhares de alunos. Organiza viagens culturais em diversas cidades.

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