Basílica da Sagrada Família, Antoni Gaudí

A arquitetura naturalista de Gaudí

Arquitetura, natureza e religião foram as grandes paixões de Antoni Gaudí, artista espanhol que teve sete de suas obras reconhecidas como Patrimônio Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).

Nome mais expressivo do Modernismo catalão, sua arte se destacou pela liberdade da forma, cor e textura. Desenvolveu novos conceitos arquitetônicos baseados na natureza, tanto quanto aos tipos de materiais que usava, como nas formas dos edifícios e nas figuras expostas em suas fachadas.

Assim, em suas construções incorporava produtos concebidos com técnicas diversas (cerâmica, vitrais, ferro forjado e marcenaria), pois, para ele, a arquitetura não era somente a estrutura, mas também a ornamentação.

Essa perspectiva era compartilhada por outros arquitetos modernistas da Catalunha, que colocavam pássaros, borboletas, folhas e flores como elementos decorativos das fachadas dos edifícios. Nas varandas e janelas, as grades de ferro também eram ornamentadas por motivos inspirados na natureza.

Porém, Gaudí levou essa estética ao extremo, ao ponto de nela imprimir contornos próprios, os quais foram os responsáveis pelo fato de até hoje sua obra ser admirada e funcionar como tema para inúmeras pesquisas.

Aa formas e as cores da natureza

Gaudí nasceu no dia 25 de junho de 1852, em Reus, cidade espanhola localizada na região da Catalunha. Porém, desenvolveu sua carreira artística em Barcelona, onde podemos apreciar a grande maioria de suas obras.

Em 1873 ingressou no curso de arquitetura da Escola de Belas Artes, época em que trabalhou como desenhista para alguns renomados arquitetos espanhóis. Para Francisco de Paula del Villar, por exemplo, desenhou o nicho da imagem da Virgem de Montserrat para o Mosteiro de Montserrat.

Sua trajetória profissional pode se divida em fases, como as inspiradas nas arquiteturas moura e gótica. No entanto, a fase de maior êxito foi aquela em que investiu em um estilo próprio, como podemos ver na Casa Batlló, inspirada no ambiente marinho, e na Casa Milá, edifício que não possui linhas reta e lembra uma escultura.

Casa Batllo, Antoni Gaudí
Casa Batlló, Antoni Gaudí
Casa Batllo, Antoni Gaudí
Casa Batlló, Antoni Gaudí
Casa Milá, Antoni Gaudí
Casa Milá, Antoni Gaudí

Assim, pode-se dizer que de admirador da arte grega e do estilo mudéjar (que incorpora influências ibero-muçulmanas, como o uso do tijolo como material principal nas construções), Gaudí foi se aproximando cada vez mais das possibilidades criativas das formas góticas, que buscou aperfeiçoar. No entanto, esse percurso artístico o levou a desenvolver uma arquitetura que ele próprio definiu como naturalista.

A arte de Gaudí pelas ruas de Barcelona

A mais conhecida de suas edificações é o Templo Expiatório da Sagrada Família, mais conhecido como a Basílica da Sagrada Família, um dos monumentos mais visitados da Espanha.

Basílica da Sagrada Família, Antoni Gaudí
Basílica da Sagrada Família, Antoni Gaudí

Sua construção começou em 1883 e seguiu sob o comando de Gaudí até 1926, ano de sua morte. Desde então, diversos profissionais vêm dando continuidade ao projeto do artista, que previa a construção de três grandes fachadas (Natividade, Paixão e Glória) e 18 torres, 12 delas dedicadas aos Apóstolos, quatro aos Evangelistas, uma à Virgem Maria e outra a Jesus.

Tanto na fachada como em seu interior, a Sagrada Família possui uma rica iconografia de inspiração religiosa. Para Gaudí, o Templo representa um hino de louvor a Deus, no qual cada pedra é uma estrofe.

O Parque Güell é outra referência da arte de Gaudí. Nele, circulamos entre construções e estruturas com formas onduladas, colunas em formato de árvores, figuras de animais e formas geométricas. A decoração é quase toda feita de mosaicos coloridos estruturados com pedaços de cerâmicas.

No Parque, Gaudí aperfeiçoou ao máximo seu estilo pessoal, baseado em formas orgânicas da natureza, a partir das quais apresentava novas soluções estruturais.

Parque Güell, Antoni Gaudí
Parque Güell, Antoni Gaudí

A Casa Vicens, cuja ornamentação é fruto de uma colagem dos estilos espanhol, árabe e persa, e o Palácio Güell, em estilo Gótico, são mais dois exemplos do talento de Gaudí que foram erguidos nas ruas de Barcelona.

Casa Vicens, Antoni Gaudí
Casa Vicens, Antoni Gaudí
Palácio Güell, Antoni Gaudí
Palácio Güell, Antoni Gaudí

Um artista eternizado

A carreira de Gaudí foi abruptamente interrompida no dia 10 de junho de 1926, quando faleceu após ser atropelado três dias antes por um bonde.

Em função de seu legado artístico, devidamente reconhecido pela crítica e pelo público que enfrenta filas para visitar todas as suas construções, seu nome está imortalizado. Porém, se depender dos esforços do arcebispo de Barcelona e Presidente da Comissão do Padroado da Sagrada Família, Cardeal Martínez Sistach, Gaudí será canonizado pelo Vaticano, onde tramita o processo de beatificação do artista.

“Gaudí era um grande cristão. Tinha uma espiritualidade franciscana, de amor e contemplação das belezas da natureza, imagens da beleza do Criador”, defende o arcebispo.

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André Dorigo
André Dorigo

Doutor em História da Arte pela UFRJ. Desde 2017 tem cursos on-line sobre o tema e produz conteúdo para a internet, tendo milhares de alunos. Organiza viagens culturais em diversas cidades.

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