Leonardo da Vinci deixou poucas pinturas e muitas obras inacabadas, além de centenas de desenhos, esboços e páginas de notas. No entanto, foi um dos maiores inventores e artistas do Renascimento, usando sutis gradações de luz e sombra (o claro-escuro) para modelar as formas, no lugar das linhas como contorno.
Da Vinci nasceu no dia 15 de abril de 1452, no pequeno povoado italiano de Vinci, próximo de Florença. Ele foi um homem à frente do seu tempo, exercendo várias atividades ao longo da vida. Foi pintor, escultor, cientista e inventor, além de ter realizado estudos nas áreas de anatomia humana, óptica, matemática e arquitetura.
Sua formação artística ocorreu no ateliê de Andrea del Verrocchio. Trabalhou em Milão, Florença e Roma e no fim da vida mudou-se para a França, a convite do Rei Francisco I. Algumas de suas obras estão entre as mais conhecidas no mundo, como a “Mona Lisa” (1503-1505), a “Última Ceia” (1498) ou o desenho do “Homem Vitruviano” (1492).
A arte de observar
Com especial habilidade para mesclar arte com ciência, Da Vinci era um grande observador da natureza, para poder melhor representá-la em seus trabalhos. A mesma atitude tinha em relação ao funcionamento do corpo humano, o qual desenhava com riqueza de detalhes.
Além das obras de arte propriamente ditas, os cadernos de anotações de Da Vinci são preciosidades que despertam o interesse de estudiosos até hoje. Eles reúnem notas e desenhos sobre as mais diversas temáticas, todas elaboradas a partir de seu olhar curioso e atento do mundo em seu entorno, em especial durante as diversas viagens que realizou.
Nesses cadernos, que na verdade são milhares de folhas avulsas, mas devidamente ordenadas, é impressionante a quantidade e diversidade de desenhos, desde composição de pinturas, estudos de rostos e gestos, animais, bebês, dissecações, plantas, dentre outros. De forma geral, esses trabalhos podem ser vistos como estudos de anatomia, luz e de paisagem.
Nessas e em outras experimentações, o artista buscava seguir métodos científicos, o que pode ser percebido nos estudos da anatomia humana e animal. Assim, conseguiu autorização de hospitais para poder dissecar cadáveres, o que possibilitou que se tornasse um mestre em representar detalhes do corpo e de seus órgãos, tanto da parte externa quanto da interna. Além disso, em seus estudos anatômicos também observou e registrou os efeitos da idade e da emoção humana sobre os corpos.
O desenho “O Homem Vitruviano” (1492), representação de uma figura humana com proporções perfeitas, é um exemplo do interesse de Da Vinci pelo corpo humano.
A arte de inventar
Sua arte de observar tudo em detalhes, propiciou que Da Vinci fosse capaz de identificar problemas e possíveis soluções para eles. Daí sua habilidade para inventar máquinas e realizar construções de tipos mais diversos. Para Veneza, por exemplo, criou um sistema de barricadas móveis para proteger a cidade de um ataque naval e uma estrutura para desviar o fluxo do rio Arno.
Outra de suas fascinações era a possibilidade de criar uma forma para que o ser humano pudesse voar. Para isso, realizava inúmeros estudos sobre o voo dos pássaros e projetos de máquinas voadoras. Suas anotações ainda incluem invenções como instrumentos musicais, bombas hidráulicas e canhões, todas ideias ricamente embasadas cientificamente.
A arte de criar
Todos os conhecimentos científicos e iniciativas em diversas áreas do conhecimento, contribuíram de forma primordial para a grandiosidade da carreira artística de Leonardo da Vinci. As técnicas inovadoras, no uso da tinta e no desenho da anatomia (inclusive as expressões e gestos humanos), por exemplo, tornaram suas obras realizações de caráter único.
“Mona Lisa” ou “La Gioconda” (1503-06), além de ser um dos quadros mais reproduzidos no mundo, recebe a visita diária de verdadeiras multidões no Museu do Louvre, em Paris. Além do sorriso enigmático da personagem retratada, o emprego do sfumato e de técnicas de perspectivas, as quais fazem com que a Mona Lisa pareça está sempre perto de quem a observa, ajudam a explicar o grande interesse pela pintura.
“A Última Ceia” (1495-98) é outra obra fundamental de Da Vinci que, inclusive, foi a inspiração para o livro O Código da Vinci, de Dan Brown, que vendeu milhões de cópias em todo o mundo. A tela representa a última ceia de Jesus Cristo e seus discípulos, especificamente o momento em que é anunciado que haveria um traidor ente eles – daí a aparente agitação entre os apóstolos na imagem.
Outro aspecto importante dessa obra é sua perfeita simetria em sua composição: ao traçar duas diagonais, teremos como ponto de intersecção a fronte de Cristo, centro e ponto de fuga da composição, para onde todo o movimento é convergido.
Já a pintura “São João Batista” (1508-1509) também está entre seus mais famosos trabalhos, o qual teria sido o seu último quadro antes da morte, que ocorreu aos 67 anos, no dia 2 de maio de 1519, em Amboise, na França.
No entanto, esse não foi o ponto final para a obra e nem para a trajetória desse grande artista, pois até hoje biógrafos, escritores, estudiosos das artes e o público não se cansam de apreciar seu legado, o qual, nos tempos difíceis que enfrentamos, nos faz acreditar na capacidade criativa e de superação do ser humano.