Rafael Sanzio: o príncipe dos pintores

Ao lado de Leonardo da Vinci e Michelangelo, Rafael Sanzio compôs a tríade dos mais celebrados artistas do Renascimento italiano. Ele realizou sua arte com extremo cuidado, atento à perfeição e regularidade das formas e cores e ao equilíbrio na simetria, buscando uma expressão clara e simples, sem excessos. Uma de suas marcas foi o desenvolvimento da ilusão de profundidade em suas obras.

Além de extraordinário desenhista e pintor, Rafael foi um respeitado arquiteto. Com enorme sucesso e várias encomendas, contava com dezenas de assistentes para auxiliá-lo. Produziu desenhos para esculturas, mosaicos, objetos de ouro, tapeçarias e gravuras, que divulgaram sobremaneira a sua obra – que se tornou uma fonte de inspiração para outros artistas durante séculos.

Ressurreição de Cristo, Rafael Sanzio, 1499-1502
Ressurreição de Cristo, Rafael Sanzio, 1499-1502
Madona e o Menino Entronados com Santos, Rafael Sanzio, 1505
Madona e o Menino Entronados com Santos, Rafael Sanzio, 1505
A Deposição de Cristo, Rafael Sanzio, 1507
A Deposição de Cristo, Rafael Sanzio, 1507

Dentre seus trabalhos, todos de extrema importância para a História da Arte mundial, estão: “Ressurreição de Cristo” (1499-1502), “Madona e o Menino Entornados com Santos” (1505), “A Deposição de Cristo” (1507) e “Transfiguração” (1520).

O mestre da pintura em Florença

Rafael Sanzio nasceu no dia 6 de abril de 1483, em Urbino, na Itália. Filho de um pintor de pouca expressão, mas muito culto e com boas relações na corte, dele recebeu as primeiras lições de pintura.

Porém, foi a partir das orientações de Pietro Perugino, na cidade de Perúgia, que deu seus primeiros passos no mundo da arte. Com o mestre, aprendeu a técnica do afresco (ou pintura mural) e criou sua primeira obra de destaque: “O casamento da Virgem” (1504).

O Casamento da Virgem, Rafael Sanzio, 1504
O Casamento da Virgem, Rafael Sanzio, 1504

Em 1504, após uma breve passagem por Siena, Rafael foi morar em Florença, cidade conhecida como o berço do Renascimento italiano. Lá produziu inúmeras madonas, série de quadros da Santíssima Virgem caracterizados pela suavidade das feições, como em “A bela jardineira” (1507).

A Bela Jardineira, Rafael Sanzio, 1507
A Bela Jardineira, Rafael Sanzio, 1507

Foi em Florença que teve mais contato com os trabalhos de Michelangelo e Leonardo da Vinci, artistas que muito influenciaram sua trajetória artística. Do primeiro, incorporou a técnica do claro-escuro (contraste de luz e sombra), que empregou com moderação, e o esfumado (sombreado levemente pálido) para delinear as formas. Do segundo, absorveu a capacidade de explorar as possibilidades expressivas da anatomia humana, como vemos em “Pietà”  (1503-1505) e na “Madona do Baldaquino” (1506-1508).

Pietà, Rafael Sanzio, 1503-05
Pietà, Rafael Sanzio, 1503-05
Madona do Baldaquino, Rafael Sanzio, 1506-1508
Madona do Baldaquino, Rafael Sanzio, 1506-1508

No período em que viveu em Florença, atuou como mestre de pintura e arquitetura na Escola de Artes. Admirado pela aristocracia, foi uma personalidade influente em sua época. A convite do papa Júlio II, mudou-se para Roma, onde passou a viver até sua prematura morte.

A plenitude de Rafael na arte de Roma

Em Roma, investiu fundo na arte de pintar em grandes espaços, tendo a oportunidade de demonstrar seu domínio na técnica do desenho e do afresco. Uma das grandes obras dessa fase é “Escola de Atenas” (1509–1510), na qual retratou Leonardo da Vinci, Michelangelo e filósofos de várias épocas ao redor de Aristóteles e Platão.

Escola de Atenas, Rafael Sanzio, 1509-1510
Escola de Atenas, Rafael Sanzio, 1509-1510

Admirado pela aristocracia e pela corte papal, em 1508 foi encarregado da decoração das salas do Vaticano, para a qual produziu um conjunto de afrescos que ficaram conhecidos como as Stanze (quartos) de Rafael.

Nos 12 anos em que permaneceu em Roma, teve diversas oportunidades para criar obras de arte, nas quais sempre ficou evidente sua imaginação variada e fértil. Muito requisitado, atuou de forma simultânea em diversos projetos, como retratos, altares, cartões para tapeçarias, cenários teatrais e projetos arquitetônicos, tanto de construções profanas como de igrejas.

Também foi nomeado arquiteto oficial do Vaticano com a responsabilidade de dar prosseguimento às obras da Basílica de São Pedro. Outro ponto importante da carreira de Rafael foram suas atuações como supervisor das atividades de preservação de inscrições latinas em mármore (1515),  e como encarregado geral de todas as antiguidades romanas (1517).

Transfiguração, Rafael Sanzio, 1520
Transfiguração, Rafael Sanzio, 1520

Suas últimas obras foram a tela “Transfiguração” (1517) e o projeto dos cenários para a comédia I suppositi (1519), de Ludovico Ariosto. Rafael morreu no dia em que completaria 37 anos de idade. Atendendo a seu próprio pedido, foi enterrado no Panteão de Roma, na época o mais importante mausoléu da Itália.

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André Dorigo

Doutor em História da Arte pela UFRJ. Desde 2017 tem cursos on-line sobre o tema e produz conteúdo para a internet, tendo milhares de alunos. Organiza viagens culturais em diversas cidades.

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