Rembrandt van Rijn é o representante máximo do Barroco holandês e um dos maiores retratistas da história da arte. Ao longo de sua carreira, se dedicou à pintura de retratos, cenas sacras e autorretratos, nos quais experimentava diversas expressões.
Suas pinturas são marcadas pela forte interação entre luz e sombra, grandes contrastes (claro-escuro) e pelo uso de uma paleta de cores em que predomina os tons de marrom mais fechados.
A esse ambiente, acrescentava alguns tons mais brilhantes para iluminar os rostos das pessoas retratadas nas imagens, o que conferia dramaticidade às cenas. “Aula de Anatomia do Dr. Tulp” (1632) e “A ronda noturna” (1640-42), são algumas das suas pinturas mais conhecidas.
Como gravador, produziu cenas bíblicas e mitológicas, paisagens, retratos e alguns nus. A gravura “Júpiter e Antíope” (1631) representa o interesse do artista por temas mitológicos.
Já “Cristo Pregando” (1648) é um exemplo de gravura com temática bíblica, na qual Rembrandt representa Jesus falando a um grupo de fiéis. Apontada como uma de suas gravuras prediletas, o artista a comprou de volta após tê-la vendido. A partir desse episódio, passou a ser conhecida como “a gravura dos 100 Florins”, que foi o valor pago pelo artista para readquiri-la.
Rembrandt foi um artista que atuou no período conhecido como o século de ouro dos Países Baixos, no qual a política, a ciência, o comércio e a arte (especialmente a pintura) holandesas atingiram seu ápice.
Êxito e tragédia na vida de Rembrandt
Rembrandt van Rijn nasceu no dia 15 de julho de 1606 em Leida, na Holanda. Iniciou sua carreira artística como aprendiz de dois pintores, mas antes de completar 20 anos de idade abriu um estúdio em sua cidade natal, onde também recebeu seus primeiros alunos.
Logo passou a receber encomendas da corte de Haia e, no final de 1631, mudou-se para Amsterdã, cidade que havia se tornado o novo centro comercial dos Países Baixos. Lá iniciou suas atividades como retratista e rapidamente conquistou o sucesso, tornando-se membro da corporação local de pintores.
Em contraste com o êxito artístico e comercial de suas obras, a vida de Rembrandt foi marcada por tragédias: a morte precoce de três filhos e da mulher, Saskia van Uylenburg, além da falência financeira após não conseguir pagar a hipoteca de sua casa.
Obras de Rembrandt revelam sua empatia com a condição humana
Rembrandt foi autor de mais de 300 obras entre pinturas, gravuras, desenhos e inúmeros autorretratos que vão da juventude à velhice, nos quais ele pesquisou a si mesmo sem vaidade.
Buscando ser fiel à imagem que via refletida no espelho, retratou a si próprio a partir de leituras psicológicas, realçando momentos de felicidade e desespero. “Um jovem Rembrandt, com 22 anos” (c.1628), “Retrato de jovem com corrente de ouro” (1635) e “Autorretrato (1669), realizado no ano de sua morte, são alguns exemplos dessa especialidade do artista.
Mas também tinha interesse em retratos de grupo. Na época, era comum grupos de pessoas gostarem de ser retratados por pintores. Dois dos quadros mais famosos do artista são dessa temática: “Aula de Anatomia do Dr. Tulp” e “A Ronda Noturna”.
Rembrandt revelou profundo conhecimento da iconografia clássica. Nas pinturas religiosas, por exemplo, buscava representar as cenas bíblicas com base em seu conhecimento sobre o texto relativo à respectiva cena e em suas observações sobre a população judaica de Amsterdã.
Uma curiosidade sobre o artista é que ele representou a si mesmo, como personagem no meio da multidão, em várias telas de temática bíblica. É o que podemos ver em “A elevação da cruz” (1633), “José Contando Seus Sonhos (1634)” e “O apedrejamento de São Estevão” (1625). Para alguns críticos, era uma forma de Rembrandt relatar momentos de sua própria vida.
Riqueza de detalhes, expressividade e forte dramaticidade são características que tornaram Rembrandt um artista de estilo único e bem aceito em sua época. Com forte empatia pela condição humana, é chamado de “um dos grandes profetas da civilização”.