O Jardim do Amor, Peter Paul Rubens, 1610-1635

A arte de Rubens, o grande mestre do Barroco

Considerado um dos maiores pintores do Barroco europeu, Peter Paul Rubens valorizava o movimento, a cor e a sensualidade. Muitas de suas pinturas retratam cenas dramáticas em telas de grandes dimensões.

O artista estudou pintura na Itália e foi muito influenciado por mestres do Renascimento, além de pintores contemporâneos a ele, como Caravaggio. Uma de suas paixões era estudar detalhadamente a arquitetura e as obras da antiguidade, cujos aspectos foram incorporados na concepção de seus trabalhos.

Os principais temas por ele explorados foram assuntos religiosos, mitologia, cenas históricas e paisagens. No entanto, produziu muitas obras sob encomenda da nobreza, como telas para a rainha francesa Maria de Médici e seu filho Luís XIII, e para o rei da Inglaterra, Charles I.

Além de artista, Rubens foi conselheiro e negociador. Inclusive, se tornou um diplomata respeitado nas cortes de Madri, Paris, Haia e Londres. Um de seus feitos políticos nessa função, foi negociar uma trégua entre Espanha e Inglaterra.

Estrela do Barroco europeu

Rubens nasceu no dia 28 de junho de 1577, em Siegen, na Alemanha, mas passou a maior parte da vida na Antuérpia e em Bruxelas. Desde cedo estudava arte, chegou a ser aprendiz de grandes mestres, como Tobias Verhaecht, Adam van Noort e Otto van Veen.

Com apenas 21 anos, tornou-se mestre na Guilda de São Lucas, a associação dos pintores da Antuérpia. No entanto, desde cedo sua reputação como pintor também chegou à sua cidade natal, onde recebeu inúmeras encomendas que lhe renderam um bom lucro financeiro.

O mesmo aconteceu em todos os lugares por onde passou, pois sua fama se estendeu pela Europa. Na Itália, por exemplo, foram muitas as encomendas, como “A Santíssima Trindade” (1604), “Transfiguração de Cristo” (1605) e o “Batismo de Cristo” (1605).

Em Paris, a convite de Maria de Médici, Rubens executou a série “Vida de Maria de Médici” (1622-25), composta por 24 telas monumentais feitas para o Palácio de Luxemburgo.

O tema central desse projeto é a trajetória da rainha, suas lutas e vitórias, desde seu nascimento, em Florença, sua vinda para a França, até seu afastamento da corte, quando Luís XIII assumiu a coroa. As telas têm uma dimensão quase mίtica, contando com a presença de imagens de deuses da antiguidade.

Em 1608, com a morte de sua mãe, Rubens volta para a Antuérpia e, em seguida, pinta “A Anunciação” (1609), obra que teve uma segunda versão em 1610, que o artista deixou inacabada.

A Anunciação, Peter Paul Rubens,1609
A Anunciação, Peter Paul Rubens,1609

Arte exuberante e voluptuosa

Em “Rapto das Filhas de Leucipo” (1618), Rubens exibe a sensualidade e o contorno exuberante dos corpos femininos, marca que imprime em suas pinturas mitológicas – nas quais se destacam a riqueza cromática e a diluição das linhas.

O rapto das filhas de Leucipo, Peter Paul Rubens, 1617
O Rapto das Filhas de Leucipo, Peter Paul Rubens, 1617

Dentre as obras dessa fase, estão “O jardim do amor” (161-1635), “As Três Graças” (1630–1635) e “Ninfas e Sátiros” (1640), além de diversos retratos de sua mulher. Já a tela “O julgamento de Páris” (c.1639) traz uma série de mulheres voluptuosas, outra marca de Rubens.

O Jardim do Amor, Peter Paul Rubens, 1610-1635
O Jardim do Amor, Peter Paul Rubens, 1610-1635
As Três Graças, Peter Paul Rubens, 1630-1635
As Três Graças, Peter Paul Rubens, 1630-1635
Ninfas e Sátiros, Peter Paul Rubens, 1640
Ninfas e Sátiros, Peter Paul Rubens, 1640
O Julgamento de Páris, Peter Paul Rubens, c. 1639
O Julgamento de Páris, Peter Paul Rubens, c. 1639

De forma oposta, o quadro “O massacre dos Inocentes” (1611-12) é um exemplo de pintura religiosa realizada pelo artista, na qual retrata uma cena bíblica em que soldados romanos executam recém-nascidos do sexo masculino, seguindo determinação do rei Herodes.

O massacre dos Inocentes, Peter Paul Rubens, 1611-12
O massacre dos Inocentes, Peter Paul Rubens, 1611-12

Dentre outras obras de destaque, estão “A queda de Fáeton” (c.1704-05), “Paisagem de Het Steen no início da manhã” (c.1636) e “A cabeça de Medusa” (1612). Esta última foi produzida em parceria com o artista Frans Snyders, que pintou os insetos, os répteis e a ornamentação, enquanto Rubens retratou a cabeça decepada da Medusa.

A Queda de Faeton, Peter Paul Rubens, c. 1704-05
A Queda de Faeton, Peter Paul Rubens, c. 1704-05
A Cabeça de Medusa, Peter Paul Rubens, 1612
A Cabeça de Medusa, Peter Paul Rubens e Frans Snyders, 1612

As telas de Peter Paul Rubens encantam pela beleza extravagante de suas formas e cores. O artista faleceu no dia 30 de maio de 1640 e seu corpo foi enterrado na Igreja de Santiago, em Antuérpia.

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André Dorigo

Doutor em História da Arte pela UFRJ. Desde 2017 tem cursos on-line sobre o tema e produz conteúdo para a internet, tendo milhares de alunos. Organiza viagens culturais em diversas cidades.

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