Antes de mais nada, para falar de Beatriz Milhazes é preciso ressaltar sua centralidade no cenário da Arte Contemporânea brasileira e internacional. Pintora, gravadora e ilustradora, sua obra caracteriza-se por uma exuberância de cores, revelando semelhanças com telas de artistas como Henri Matisse. Além disso, as formas circulares são muito presentes, dialogando com o estilo Barroco.
Com o uso de diferentes técnicas e materiais, criou diversas composições baseadas em estruturas geométricas, arabescos, florais e motivos ornamentais, o que confere um intenso dinamismo óptico aos seus trabalhos. No início da careira, ela participou de exposições da Geração 80, artistas que retomavam a pintura, em contraste com a arte conceitual dos anos 1970.
A carioca que conquistou o mundo com sua arte
Beatriz Milhazes nasceu no dia 18 de março de 1960, no Rio de Janeiro. Em 1981, se formou em Comunicação Social e, dois anos depois, concluiu o curso de Artes Plásticas na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, na cidade do Rio. Em paralelo ao desenvolvimento de sua carreira como artista, também atuou como professora de pintura.
A partir da década de 1990, sua obra ganhou o mundo, participando de mostras em museus como o Museu de Arte Moderna de Nova York, ou o Museu Reina Sofia, em Madrid. O metrô de Londres também ganhou painéis decorativos feitos pela artista.
Sua obra traz referências do Barroco, Art Déco e da Op Art (Optical Art ou Arte Ótica) – movimento artístico que atingiu seu auge na década de 1960 nos Estados Unidos, o qual era baseado no uso de recursos visuais, em especial a ilusão de ótica.
Dentre as principais influências de Milhazes, estão ícones do Modernismo brasileiro como a pintora Tarsila do Amaral (1886-1973), o paisagista Burle Marx (1909-1994) e o artista performático Hélio Oiticica (1937-1980).
A exuberância cromática de Beatriz Milhazes atrai o olhar do espectador
Milhazes é uma artista que constrói um vasto repertório de imagens materializadas em produções diversas: pinturas, gravuras, colagem, desenhos, esculturas, livros, entre outros. Um dos elementos característicos de suas imagens é a colagem, feitas a partir do uso de materiais variados, como papéis coloridos e tecidos recortados.
O olhar do espectador não é levado a simples observação de seus quadros, mas a percorrer ativamente os detalhes da exuberância gráfica e cromática das imagens. É possível dizer que Milhazes não busca uma relação passiva com o espectador, pois quer que ele observe ativamente os pequenos detalhes, as cores e os movimentos de suas obras.
Tanto na colagem e escultura como na pintura, a cor, a proporção e o ritmo estão no centro do pensamento estético de Milhazes.
A arte multicolorida e cheias de camadas de Beatriz Milhazes
Devido à beleza e diversidade, não é fácil escolher obras dessa grande artista para fazer uma breve apresentação. Em “Me Perdoa…Te Perdoo” (1989), por exemplo, conseguimos observar o padrão geométrico que marcou o início de sua carreira.
Uma de suas famosas colagens é a tela “Um sonho de Valsa” (2004-2005), feita com embalagens de bombom e rótulos de diversos chocolates nacionais e importados das mais variadas marcas. Outra colagem é a obra “Liberty” (2007), que também reúne uma série de embalagens recortadas e sobrepostas.
Em “Gamboa” (2010), a artista explora a linguagem tridimensional, criando uma espécie de mobile, que foi concebido para um espetáculo de dança. Em 2008, a tela “O mágico” (2001) foi a primeira a quebrar o recorde brasileiro em leilões estrangeiros, que até então era de Tarsila do Amaral.
Por fim, “Mulatinho” (2008), tela repleta de cores e formas geométricas, e de grandes dimensões (248 x 248 cm), é mais um belo exemplo da capacidade de Beatriz Milhazes de realizar composições intrincadas, multicoloridas e cheias de camadas.